segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Martin Heidegger, por Anivaldo Eugenio dos Santos

MARTIN HEIDEGGER:
Um “Ser” Que Nasceu Trabalhou e Morreu[1]

Anivaldo Eugênio Santos*


“A linguagem, é a maior epifania do ser humano”. (Martin Heidegger)

Martin Heidegger nasceu a 26 de setembro de 1889 em Messkirch, na chamada Schwarzwald conhecida por Floresta Negra na Alemanha embora não se considerasse como tal, é a figura mais representativa do existencialismo[2].
Um breve esclarecimento quanto a não aceitação por parte de Heidegger, como sendo um expoente do existencialismo bem como solidificador de tal corrente. Ao afirmar-se como a corrente filosófica mais discutida nas décadas de quarenta e cinqüenta, o existencialismo tornou-se sinônimo de fatos ou pessoas que desviassem do procedimento usual; tudo que infringisse as regras estabelecidas.
O que ultrapassasse a linha divisória entre o certo e o errado, era considerado existencialista, pode-se explicar tais afirmações como, por exemplo, o movimento Hippie (grupos que buscam uma forma de vida mais desprendida do usual, muitas vezes sem moradia fixa ou bens materiais).

“... “O vocábulo” “existencialismo” pertence àquela categoria de palavras que, ganhando em extensão, perde em compreensão...” (PENHA, João. O que é Existencialismo; 11ª ed. Editora. Brasiliense.; p. 9)

Faleceu em 26 de maio de 1976, no mesmo lugar em que nascerá; filho de um sacristão católico que tinha inúmeras funções acopladas desde a cuidar das alfaias do culto, tocava os sinos em horários significativos, era incumbido de cavar as sepulturas no interior do templo.
Após a leitura da obra de um filosofo católico no final do século XIX Franz Bretano, ele mostrou uma preocupação religiosa precoce e teve seu interesse despertado para a filosofia ainda quando estava nos estudos básicos; impressionado com a psicologia descritiva, dos vários significados do ser de acordo com Aristóteles, obra de Bretano e o aparente e mais tarde edificado entusiasmo pelos gregos, em especial os pré-socráticos.
O filósofo alemão após terminar os estudos básicos, já com o interesse religioso implícito em sua vida, entra para a ordem dos Jesuítas, momento este que deu grande impulso para seus estudos e solidificação de convicções que mais tarde pretendia colocar em suas idéias. Em seguida como noviço tem a oportunidade de estudar a Escolástica; filosofia cristã medieval e a teologia tomista, na universidade de Freiburg.
Heidegger é autor de magníficas obras as quais são consideradas misteriosas; possuidor de uma linguagem altamente cifrada com termos próprios e conceitos que ele atribui significados fora dos padrões de dicionários comuns. É visto por todos os outros filósofos pós Heidegger e estudiosos, como uma forma única de escrever, um tanto difícil, e até mesmo incompreensível. Sua notável colocação à cerca do ser, de forma romântica o faz ser admirado por um grande número de pessoas.
Heidegger deixa transparecer que durante toda á sua vida não só buscou aprofundar seus estudos à cerca “do ser” bem como se tornou obcecado por um sentido, um significado do ser.

“A experiência traumática da guerra gerou um ambiente de desanimo e desespero, sentimentos que atingiram particularmente a juventude, descrente dos valores burgueses tradicionais e da capacidade de o homem solucionar racionalmente as contradições da sociedade”.[3]


O cenário supracitado, a realidade que viveu Heidegger, e os caminhos que tomavam a largos passos a sociedade influenciam Martin a intensificar suas buscas, direcionando suas concepções quanto ao que existe. É uma ontologia vista como: o estudo do que é, do que existe voltada totalmente para a questão do ser. Influenciado por diversos filósofos do final do século XIX, e início do século XX; em especial pelo filosofo católico Dinamarquês Soren Kierkegaard e pelos filósofos alemães Friedrich Nietzsche e o historicismo de Dilthey[4] e é claro pelo seu mestre e fundador da Fenomenologia[5], Edmond Husserl (1859-1938).
O questionador do sentido do ser vive em meio a brilhantes pensadores. Os seus 20 anos de idade ele estudou em Freiburg com o filosofo Heinrich Rickert (1863-1936), esse que mais tarde viria a ser o fundador da escola de Baden (escola do pensamento neokantiano), e com Husserl, que já tinha uma elevada fama por suas idéias e obras publicadas.
Em 1914 Heidegger em sua dissertação doutoral tem como “substrato” (indivíduo real. ABBAGNAMO; Nicola; Dicionário de Filosofia; p.1094), a fenomenologia de Husserl e sua luta contra a inclusão da psicologia nos estudos essenciais do homem.
O que Martin mais tarde disse e escreveu sobre a ansiedade, pensamento, perdão, curiosidade, angústia, cuidado, ou medo não era relacionado à psicologia; e o que disse sobre o homem, não pretendeu que fosse sociologia, antropologia, ou ciência política (vida e obras Martin Heidegger); suas proposições (enunciado declarativo ou aquilo que é declarado, expresso ou designado; ABBAGNAMO; Nicola; Dicionário de Filosofia; p. 942), ele objetivava descobri maneiras de ser.
Martin tem em sua vida cito: meados dos anos de 1933 importantes ascensões tanto intelectuais, como morais e éticos e sua passagem de católico para o nazismo.[6]

“Heidegger em 1933 que havia aderido ao nazismo, torna-se reitor da Universidade de Friburgo e pronúncia o discurso: A auto-afirmação da Universidade alemã”
(G. Reale. Cap. décimo primeiro; p. 201 Volume III).



Ainda jovem Heidegger começa a mostrar suas idéias, juntamente com seus anseios de trazer algo a mais para tantas questões já apresentadas dentro do campo da filosofia; tendo como colega Husserl as expectativas eram de que ele iria perpetuar o movimento fenomenológico[7]; mas imbuído de sua vocação religiosa, ele preferiu seu próprio caminho, ou seja, construir seus próprios pensamentos. Por volta do ano de 1927 apresenta ao mundo filosófico alemão com Sein (ontologia) und Zeit (tempo) (“O ser e tempo” de 1962); descobrindo ou explicando o ser aproximando uma exatidão do ser em conformidade com suas dimensões; descobrir o mundo.

Esta obra (ser e tempo) é a responsável por uma postura dos seus leitores e mérito da sua caracterização de uma difícil leitura; pois é com esta obra que ele trás novos elementos a cerca do homem que vai além do físico até então estudado e citado por outros filósofos. Compreende o situar, deste ser que relaciona com todos os entes à sua volta daí surge sua complexidade; de uma compreensão já mencionada quase impossível de se ler. Ela é considerada, de grande importância para o mundo onde a constante reflexão é o manifestar do conhecimento, o mundo filosófico.
Heidegger utiliza desta obra para dizer e ressaltar que a filosofia perdeu seu sentido, que o sentido do ser aprisionando somente o homem em seus estudos e reflexões, contudo o essencial que é o ser que existe nele é deixado de lado, ele resgata a atenção para este dado importantíssimo da filosofia. Considerado um hermeneuta, mostra através do uso desta uma compreensão acertada e eficaz do ser; diz que: a Hermenêutica tem que servir a compreensão do dasein (ser-ai), através de uma detalhada e sistemática analise hermenêutica, pode se aproximar da complexidade do ser ai, o ser que se apresenta aos olhos.
O filosofo, na construção de sua celebre obra, deixa claro que o único Dasein (é a condição de possibilidade existencial-ontologica, o existir do ser enquanto se manifesta no ser-no-mundo onde se manifesta os entes, pois só o homem é ser), porque ele tem consciência interroga e busca o conhecimento; todo o resto que o circunda é ente uma espécie de submissão ao Dasein.

Ser e tempo alcançaram enormes proporções dentro do âmbito filosófico e também por aqueles que insistiam em tentar extrair algo de compreensão dele, aclamado como um trabalho profundo e importante não somente em países de língua germânica, mas também nos países latinos; países onde a fenomenologia era difundida e aceita, mas na língua Alemã nem tanto.
Assim como grandes obras causam e transformações na vida de uma sociedade exposta a tais pensamentos, a obra “ser e tempo” de Martin soergueu diversos questionamentos e posicionamentos de pensadores de sua época e épocas posteriores. Ele influenciou de forma bem acentuada Jean-Paul Sartre, um francês que tem nas suas obras é pensamentos, o intuito de divulgar do existencialismo, dentre vários outros. Isso tudo apesar dos protestos de fé do próprio Heidegger não pode escapar ao titulo de líder do existencialismo “ateu”, porque faz uma reflexão muito racionalista expondo uma aproximação ou uma explicação do sentido do ser, visto por muitos como que uma tentativa de explicar o que Deus criou.

“No período que corresponde à publicação de “O ser e tempo” Heidegger era professor “Ordinarius[8] em Marburg, onde lecionou por diversos anos”.


Martin esclarece na elaboração de suas idéias à cerca do ser e suas dimensões que enquanto não se chegar à compreensão do homem, não será possível desmistificar o ser.



ANALÍTICA EXISTENCIAL:
SER-NO-MUNDO; SER-COM-OS-OUTROS; SER-PARA-A-MORTE.

“Na busca incessante por definir o “ser”, cada vez mais se compreende que o “ser” não pode ser aprisionado numa definição porque o “ser” não pode disssociar-se do tempo de seu sentido “(Martin Heidegger)


Compreender a filosofia de Heidegger é mudar o sentido da orientação do olhar e da escuta, é fazer uma ligação primeira entre o pensar, o ser, o homem e a linguagem
Como Heidegger aprendeu com Husserl, é o método fenomenológico e não o método cientifico que revela os modos de ser do homem. Aceitando esse pressuposto Martin acaba caindo em uma dicotomia[9] da relação sujeito-objeto, que implicou tradicionalmente que homem, como cognoscente, é algo dentro de um ambiente que ele confronta. (“... o segredo do ser se revela na linguagem...” (MONDIN, Batista; p. 134).


Esta relação, entretanto deve ser transposta; o saber mais profundo, ao contrário é matéria do phainesthai (grego: “mostrar-se” ou “esta na luz”), a palavra da qual fenomenologia, como um método, é derivada. Algo está exatamente “lá na luz”. Assim, a distinção entre o sujeito e o objeto não é imediata, mas vem somente mais tarde com a conceitualização, como nas ciências.
Com tudo o que foi dito até agora sobre Heidegger tem-se uma visão parcial de como procederiam as suas idéias à cerca de que ele iria discorrer a necessidade de um aprofundamento no ser que apresenta dimensões que nos leva a uma aproximada compreensão do que ele realmente gostaria de transmitir, mesmo conscientes de que um resultado definido será presunção demais para um simples leitor.
Na analítica existencial [10]o homem que se coloca a pergunta sobre o sentido do ser é um homem que já está sempre em uma situação, jogado nela; é, justamente, Dasein (ser-ai).

“... é este homem que é o dasein é existência, portanto, poder-ser e, portanto, projeto que transforma as coisas em “utensílios”: o ser das coisas equivale ao seu ser utilizado pelo homem...” (G. Reale cap. décimo primeiro; p. 201 Volume III).


O homem pode ser caracterizado pela sua característica primeira que é, pois ser-no-mundo, faz se necessário à localização deste homem, ou seja, o raum[11], em que este vive; e se o ser-no-mundo é um existencial, ou seja, um traço típico do homem, também o ser-com-os-outros é um existencial: (“... não há “um sujeito sem mundo”, nem há “um sujeito isolado dos outros...” ( G. Reale cap.décimo primeiro; p. 201 Volume III).

O ser-no-mundo manifesta a sua presença ativa aquele que esta e faz o seu papel de agente construtor no meio em que esta; no assumir o cuidado (sorge) das coisas, o ser-com-os-outros apresenta então como a necessidade de interação aquele que esta e com o outro precisa de uma mútua relação para a afirmação dele em meio aos outros. Exprime um ter cuidado dos outros que se torna autentico coexistir, se os outros são levados a possuir a liberdade de assumir seus próprios cuidados.
O terceiro existencial que deve aqui ser mencionado é o ser-para-a-morte a certeza de que o homem esta sujeito a queda no plano das coisas do mundo, isto é no plano “ontico”[12].

“... a morte é uma possibilidade permanente da existência: ela é a possibilidade de que todas as outras possibilidades se tornem impossíveis...” (G. Reale vol, III Martin Heidegger da fenomenologia ao existencialismo, capitulo décimo primeiro p. 201)


É desta forma que a inevitável morte impede-nos de perder-nos entre objetos e de afogar nesta ou naquela situação; é ela que mostra a nulidade de todo projeto.

“... apenas a compreensão da possibilidade da morte como impossibilidade da existência faz o homem reencontrar seu ser autentico...” (G. Reale cap. décimo primeiro; p. 201 Volume III).

O viver para-a-morte é uma decisão antecipatória que constitui o sentido autentico da existência, que sem mais delongas apresenta-se a possibilidade do nada; a morte do ser. (“Uma vida sem busca não é digna de ser vivida” (Sócrates).



As dimensões do ser nascem da pergunta fundamental da filosofia de Martin Heidegger que é aquela sobre o sentido do ser. Desenvolvendo neste prisma ele torna possível a abertura para a compreensão da existência humana que permeia e habita a linguagem poética e criadora a consolidação do ser através da linguagem.
Compreende-se aproximadamente a distinção entre ser e ente. Sua filosofia baseia-se no que é o Ser, ou mesmo o que dizer o Ser; que ele não é um Ente, mas um algo responsável pela linguagem, embora se identificando com o nada, (nada no que se refere ao equiparar), ele é, e não pode ser compreendido a partir de nenhum ente, ele é o único que pode ser o “ser”, já supracitado.

O SER-NO-MUNDO

Na elaboração de suas idéias Heidegger diz claramente que o homem é aquele ente que se interroga sobre o sentido do ser; com essa colocação eleva o homem a uma condição de que ele não pode ser colocado como um simples objeto, isto é a simples estar-presente. (“... o modo de ser do homem é a existência; a existência é poder-ser, mas poder ser significa projetar...”.[13]


Com esta afirmação Heidegger utiliza uma linguagem clara para dizer que a característica fundamental do homem é ser-no-mundo. O homem está no mundo; primeiramente é necessária esta conscienca para daí discorrer sobre o seu ser-no-mundo; o ser-com-os-outros; e o ser-para-a-morte.
Husserl dizia que o mundo é uma realidade a se contemplar, contrapõe ai o que Heidegger introduz com sua colocação: de que o mundo é um conjunto de instrumentos para o homem, um conjunto de utensílios, ou seja, de coisas a utilizar, à mão, e não de coisas a contemplar como presentes; apresenta ai um ser-no-mundo de praticidade, foge à metafísica.

“... a existência é poder ser, projeto “transcendência” [14] em relação ao mundo: estar-no-mundo, portanto significa originariamente fazer do mundo o projeto das ações e dos comportamentos possíveis do homem...” (G. Reale; capitulo décimo primeiro-Martin Heidegger: da fenomenologia ao existencialismo vol.III; p.205).

O estar-no-mundo a consciência de ser que se apresenta, ele esta presente no espaço-tempo físico e no espaço tempo biológico, do seu corpo que o situa no espaço-tempo do mundo, ou seja, está no mundo. Pela própria expressão já diz algo do dasein que é ser ai, aqui é estar-no, pois significa para o homem cuidar das coisas necessárias a seus projetos, e ter a ver com uma realiade-utensilio, meio para sua vida e para suas ações.
O ser-ai dimensão constitutiva também do ser-no-mundo, é constitutivamente projeto, o mundo existe como conjunto de coisas utilizáveis: o mundo só vem a ser como tal graças a seu ser utilizável; cai-se também no ser das coisas, o ser das coisas equivale ao ser utilizado pelo homem, o sentido destas, só é por causa do homem. (“... o homem, portanto não é um espectador do grande teatro do mundo: o homem está no mundo, envolvido nele, em suas vicissitudes...” (G. Reale, vol. III p. 205 et. seq.)

E consciente de que estar-no-mundo, um ser ai, um ser-no-mundo, o homem age em tudo à sua volta transformando o mundo, ele forma e se transforma a si mesmo, suas transformações influenciam em sua vida e no modo de seu ser uma ação recíproca de transformação.

“... o homem compreende uma coisa quando sabe o que fazer dela, do mesmo modo como compreende a si mesmo quando sabe o que pode fazer consigo isto é quando sabe o que pode ser...” (G. Reale; capitulo décimo primeiro Martin Heidegger: da fenomenologia ao existencialismo; p. 200. et. Seq.)


O SER-COM-OS-OUTROS

A relação do ser com os outros numa perspectiva heideggeriana, coloca este no mesmo patamar do ser no mundo, tendo a compreensão de um ser existencial, ou que se apresenta; a busca de Heidegger em colocar, situar o ser existente no mundo, transparece a necessidade da consciência deste enquanto ser no mundo, pois a localização do mesmo se dá porque não há ser sem mundo, ou mundo sem ser.

“... in der-Wlt-sein (ser-no-mundo) é um existencial; (Mit-sein), ser-com-os-outros também é um existencial...”. (G. Reale; capitulo décimo primeiro; Martin Heidegger: da fenomenologia ao existencialismo vol.III p. 200. et. Seq.).


A consciência da existência de outros “eus” nos leva a questionar o nosso “eu” em meio aos outros “eus”, eu sou enquanto observo os outros. O pensamento heideggeriano consiste nesta clarificação de que não é possível um “eu” isolado sem os outros, a tentativa implica numa posição do ser-com-os-outros, na relação interpessoal o corpo a corpo, concebendo a existência do outro.
De outra forma o próprio ser cairia numa dejeção um distanciamento de si, conceito segundo Heidegger, que seria a queda do homem no plano das coisas do mundo, ou seja, a queda da existência ao nível da inautenticidade (deixar de existir), e banalidades das vicissitudes quotidianas.
Entende-se por dejeção ou estado de dejeção o processo em que a existência se distancia de si, esconde a si mesma sua possibilidade própria (que é a da morte) e se abandona ao modo de ser anônimo que se caracteriza pela tagarelice, pela curiosidade e pelo equívoco (N. Abbagnamo).
Uma vez situado o ser no mundo, o ser com os outros, a necessidade de interação e afirmação destes, os levará a única certeza de que se têm elementos fortes, os quais não existem uma precisão a não serem teorias até mesmo infundadas do que acontecerá que é a morte. O ser caminha durante sua existência, para o ponto do qual tem certeza que chegará vivendo ou não às dimensões a ele inerentes, a finitude deste é incontestável, o ser para a morte é a certeza do cessar da existência.


O SER-PARA-A-MORTE, EXISTENCIA INAUTENTICA E EXISTENCIA AUTENTICA

O Ser-ai, ou seja, o Dasein, tão difundido nas idéias de Heidegger leva o ser a não só localizar-se, mas compreender a sua localização, a relação com os outros, e a condição de sua finitude; ele o ser-ai o que se apresenta (fenomenológico) é e tem de ser; isto é o homem se encontra sempre em uma situação, compreende o ser-no-mundo, e enfrenta essa situação graças a seu projetar, o ser com os outros em uma relação de interatividade, que afirma este ser e o seu ser em relação aos outros, na perspectiva do eu e dos outros eus.

“... mas quando volta seus “cuidados” para o plano “ontico”(Ser) ou existentivo, isto é ao plano dos entes em sua factualiade ( os fatos do cotidiano), o homem permanece na existência inautentica...” (G. Reale; capitulo décimo primeiro; Martin Heidegger: da fenomenologia ao existencialismo vol.III; et. Seq)


Parte desses elementos citados, que este homem, um ser de dimensões e possibilidades faz uso das coisas, o ser no mundo; é utiliza e estabelece relações sociais com os outros, ser com. Essa atuação do homem (ser) acaba por atirá-lo e deixá-lo exposto ao nível dos fatos a factualidade, o que se apresenta à sua volta, deixa transparecer a inautenticidade deste, sem a existência das coisas. A utilização das coisas se transforma em fim em si mesmo; seguindo assim a linguagem nesse plano se transforma então no palavrório da existência anônima subjacente ao axioma (valor), “as coisas são assim porque assim se diz”.
Uma vez tendo exposto a questão da existência inautentica ou mesmo que não existir, faz-se necessária a explanação do que seja a existência autentica, na qual dá-se a confirmação e fim do ser, a existência autentica portanto é um ser-para-a-morte, somente compreendendo a impossibilidade da morte como possibilidade da existência e somente assumindo essa possibilidade com decisão antecipada, o homem encontra seu ser autentico.







[1] Pedido de Heidegger, como gostaria que fosse lembrado; Pg 16; SAFRANSK, Rudiger. Heidegger Um Mestre da Alemanha Entre o Bem e o Mal.
*Graduando em Filosofia; Instituto de Filosofia João XXIII; 2º Ano; Seminário Maior João XXIII.
[2]Toda filosofia que trata diretamente da existência humana; PENHA, João. O que é Existencialismo; 11ª ed. Editora: Brasiliense.
[3] Introdução. O que é Existencialismo; PENHA, João. O que é Existencialismo; 11ª ed. Editora: .Brasiliense.
[4] Historícismo, termo usado pela primeira vez por Novallis (Werke, III, p. 137. Doutrina segundo o qual a realidade é história, desenvolvimento, racionalidade e necessidade). ABBAGNAMO; Nicola; Dicionário de Filosofia; p. 588.
[5] Estudo do modo como as coisas se manifestam.
[6] Partido Nacional Socialista dos trabalhadores Alemães, cujas primeiras letras formam as siglas “NASI”, donde deriva o nome Nazismo.
[7] É tudo aquilo que é inerente ao modo de demonstrar e de explicitar e tudo aquilo que exprime a conceituação implícita na presente investigação de Ser e Tempo (ABBAGNAMO; Nicola; Dicionário de Filosofia; p.510).
[8] Um professor freqüente.
[9] Divisão de um conceito em duas partes segundo o método diareitetico da dialética platônica. (ABBAGNAMO; Nicola; Dicionário de Filosofia; p.324).
[10] Pergunta sobre o sentido do ser; ou a analise do mesmo. (ABBAGNAMO; Nicola; Dicionário de Filosofia; p. 52)
[11] Espaço; (GLOSSÁRIO; alemão-português p. 583).
[12] Existente: distinto de ontológico, que se refere ao ser categorial, isto é, à essência ou à natureza do existente. (ABBAGNAMO; Nicola; Dicionário de Filosofia; p.848).
[13] G. Reale; capitulo décimo primeiro-Martin Heidegger: da fenomenologia ao existencialismo vol.III; p.205.
[14] A transcendência institui o projeto ou esboço de um mundo: ela é um ato de liberdade, para Heidegger é a própria liberdade. (G. Reale; capitulo décimo primeiro-Martin Heidegger: da fenomenologia ao existencialismo vol.III; p.205).

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