domingo, 6 de dezembro de 2009

Amar o outro, por Henrique Albuquerque

Ódio corrói o coração humano, o afasta de tudo o que é bom, honesto e leal. Cega o olhar das coisas belas, desvirtua o homem de suas qualidades positivas, desvaloriza suas capacidades de evoluir para o melhor.


Platão, filósofo grego que nasceu em Atenas, entre os anos de 427 e 347 a.C. expressa em sua filosofia no que se refere a educação do homem, que o mesmo é um ser de relação. Pressupõe dizer que tal individuo é o ser sociável, que constrói formas de organização no que se refere às leis, contudo, é convidado a estabelecer por meio de suas capacidades e desenvolvimento da espécie, uma harmonia que garanta e estabeleça um bom convívio comunitário. Para isso, se faz necessário uma educação que valorize o ser humano e o faça enxergar-se como alguém que pode ser melhor.

O ódio seria a “ausência do amor”, ou poderia ser “o processo negativo que nos faz esquecer dessa grande força que aquece o coração e o faz entrar em estado de euforia”. Força essa que embriaga os corações sensíveis a si, que se espalha por todo o corpo e alça a alma.

O nascimento de algo não é outra coisa senão o rejubilar-se com a semente que foi lançada em bom terreno e que deu fruto.

Quando se despreza alguém, desvaloriza-a por sua cor, cultura, religião e demais fatores, adentra-se numa ignorância pessoal e que acarreta num significado plural de pessoas. Só se odeia alguém, quando não se sabe amar, quando não se busca no próprio desabrochar da vida, a contemplação do amor que quer ensinar a diferença da ilusão e a importância de saber viver em plenitude o dom de vir ao mundo, que é na verdade, um brevíssimo instante que se passar diante do olhar humano e que nos convida à doação mútua e desinteressada.

O racismo não conota, nos tempos de hoje, simplesmente um significado de cor, ele exerce um espaço maior e rigoroso entre todas as raças, cores e pessoas. É agressivo e desumano; na escola, no trabalho, numa competição, em um entrevista de emprego, entre jovens, crianças, ladrões, até mesmo entre pessoas que se dizem educadas e civilizadas. Contudo, o racismo não é algo “eterno”, entretanto, carrega um tom de algo que parece não ter fim, traz em sim, um não acabar, pois seu crescimento é assustador e monstruoso.

O próprio homem é a causa principal de tudo isso, e deve ser ele consciente desse fato para mudar os seus feitos negativos.

Se existem leis humanas para organizar uma sociedade, um povo, um pais, uma nação, existem também leis com base nos escritos antigos das sagradas escrituras que podem servir de ponte de conhecimento necessário para reeducar os racistas e preconceituosos a serem mais humanos e irmãos de todos: “Amar o próximo como a si mesmo”.

Amar o outro está na lógica do entendimento, é compreensível essa expressão, é amar o outro além de tudo o que se pode ver. Ver o próximo como semelhante a si, igual, mesmo diferente na cor, porém, gerados pela mesma força criadora, dignos da igualdade, do mesmo solo, da mesma chuva, do mesmo sol e dos alimentos, trabalhos e alegrias. Muitas pessoas expressam o seu desejo de sentir Deus, de conhecê-lo. O belo dessa busca está em que Ele se deixa encontrar por suas criaturas, sua presença pode ser percebida em tudo o que há, mas o maior encontro do Criador está na pessoa humana.

Quem não ama o seu semelhante não conhece a Deus, pois Deus é amor. Amar o outro nesse sentido, é destruir os pilares do racismo individual e coletivo. É ver que ele também possui um rosto, mãos, pés, pernas, forma física semelhantes aos demais e que sua cor não o faz inferior e nem superior, deve torná-lo consciente de que todos os habitantes desse planeta chamado terra, são de lugares diferentes, de cultura, raça, costumes e gostos que os diferenciam, mais que o sentido da pele mais escura que a outra, jamais deveria ser e nem deve continuar sendo uma divisão e nem separação de pessoas. Deve ser com bases na caridade, um caminho que conduz a todos, ao encontro de uma grande festa de igualdade.

Nenhum comentário: